Poucos filmes carregam um legado musical tão pesado quanto a franquia Tron. Após a trilha pioneira de Wendy Carlos em 1982 e, principalmente, a obra-prima icônica do Daft Punk para Tron: O Legado em 2010, a missão de sonorizar ‘Tron: Ares’ caiu nos ombros de outra lenda da música eletrônica: o Nine Inch Nails. O resultado é um álbum que respeita profundamente o passado, mas constrói uma identidade própria, mais sombria e industrial.
O Legado de Daft Punk e Wendy Carlos
É impossível analisar a nova trilha sem lembrar de suas predecessoras. A trilha de Tron: O Legado pelo Daft Punk transcendeu o cinema, tornando-se um dos álbuns de música eletrônica mais influentes da década. Suas batidas pulsantes e temas grandiosos se tornaram sinônimo do universo visual da Grade. Antes deles, a trilha de Wendy Carlos para o filme original foi uma obra pioneira, usando sintetizadores para criar uma atmosfera alienígena e melancólica.
A Fusão de Estilos: A Primeira Metade do Álbum
Cientes desse peso, Trent Reznor e Atticus Ross, a dupla por trás do Nine Inch Nails, iniciam o álbum de forma inteligente, abraçando essas influências. O primeiro terço da trilha é uma fusão fascinante: as batidas eletrônicas que remetem ao Daft Punk se misturam com os sintetizadores clássicos de Carlos e a assinatura industrial do NIN.
Faixas como o single “As Alive as You Need Me To Be” funcionam como uma ponte perfeita, enquanto momentos como “Daemonize” evocam o synth-pop dos anos 80, lembrando New Order. É uma introdução que honra o legado e prepara o terreno para a mudança de tom.
O Som Industrial da Guerra: A Segunda Metade
É na segunda metade do álbum que a verdadeira identidade da trilha de Tron: Ares se revela. O som se torna mais sujo, distorcido e mecânico. Faixas como “A Question of Trust” e “New Directive” são puro Nine Inch Nails, com uma agressividade que sugere um tom mais bélico e menos esperançoso para o novo filme, alinhado à ideia de que a inteligência artificial de Ares será usada para a guerra.
Veredito
A trilha sonora de ‘Tron: Ares’ é um triunfo. O Nine Inch Nails conseguiu o impossível: criar uma obra que dialoga com o legado icônico da franquia sem jamais soar como uma cópia. É um álbum complexo, que transita da homenagem ao confronto, e que funciona perfeitamente como uma peça musical coesa. Se ela se tornará um clássico atemporal, só saberemos quando virmos como ela se casa com as imagens do filme em outubro. Mas, como uma obra do Nine Inch Nails, ela já é um sucesso.