Poucos filmes começam tão bem e terminam tão perdidos quanto “Extermínio: A Evolução”. O primeiro ato é uma obra-prima de tensão: a câmera nervosa, os planos sujos e o caos instintivo que consagraram a franquia. É um retorno brutal e elegante ao horror que te prende pela garganta. Pena que, após 45 minutos de genialidade, o filme desmorona sob o peso de suas próprias ambições.
Disponível na Max, a aguardada sequência é uma montanha-russa que sobe até o céu e depois mergulha em um pântano de tédio.
O Início Promissor: 45 Minutos de Gênio
O começo do filme é tudo o que os fãs poderiam desejar. A direção evoca perfeitamente o estilo de Danny Boyle, com uma brutalidade que nos lembra o prazer primitivo de ter medo. O mundo é devastador, a ameaça dos infectados é palpável e a angústia silenciosa que marcou os filmes anteriores está de volta com força total. É um cinema de terror visceral e inteligente.
A Queda: Do Terror ao Tédio
O problema começa quando o filme decide “ficar sério”. O horror dá lugar a um drama familiar meloso e mal desenvolvido, com personagens que tomam decisões inexplicáveis. O roteiro parece uma colcha de retalhos, introduzindo novas variantes de infectados (mais fortes, mais “atléticos”) sem qualquer explicação, e subtramas políticas que soam como um panfleto apressado, gritando por uma relevância que nunca alcança.
O que antes era tensão se transforma em um tédio frustrante. A história perde sua identidade, dividida entre ser um thriller apocalíptico e uma sessão de terapia familiar, e falha em ambos.
Lampejos de Talento em Meio ao Caos
Ainda assim, o filme não é um desastre completo. A fotografia continua deslumbrante, criando um “apocalipse bonito” que é um paradoxo visualmente interessante. A direção, mesmo nos momentos mais confusos, mantém um pulso que impede o naufrágio total. Mas são apenas lampejos em meio a uma narrativa que parece ter sido sabotada por si mesma.
Veredito
“Extermínio: A Evolução” é pior do que um filme ruim: é um filme esquecível. É uma sequência que parece existir apenas para justificar uma nova trilogia, com cheiro de interferência de estúdio e pressa de franquia. A primeira metade é o filme que os fãs esperaram quase duas décadas para ver; a segunda é a prova de que a espera talvez não tenha valido a pena. O apocalipse, aqui, não é o fim do mundo, é o fim da paciência.