‘Maurício de Sousa – O Filme’ chega aos cinemas com um propósito claro: homenagear um dos maiores ícones da cultura brasileira ainda em vida. Dirigido por Pedro Vasconcelos, o filme é uma cinebiografia autorizada, feita com o apoio total do cartunista e estrelada por seu próprio filho, Mauro Sousa.
É crucial entender essa premissa para não criar expectativas de um drama denso ou de grandes revelações de bastidores. A produção opta por um caminho lúdico, quase comparável à magia idealizada de Walt Disney, focado no otimismo e na positividade que marcam a obra do criador da Turma da Mônica. O resultado é um filme que, embora não surpreenda, cumpre com louvor sua principal missão: emocionar.
O Ponto Alto: A Magia da Criação
Onde o filme de Vasconcelos realmente brilha é em seu terceiro ato, ao recriar os momentos de inspiração de Maurício. É impossível não se comover ao testemunhar o instante em que ele desenha a Mônica pela primeira vez, baseado em sua filha. O mesmo vale para a criação de Cebolinha, Magali e Cascão.
Essas cenas capturam algo genuinamente mágico sobre o processo criativo e são um presente para as gerações de brasileiros que cresceram com esses personagens.
Um Roteiro Lúdico e Sem Conflitos
Até chegar a esses momentos de catarse, no entanto, o roteiro sofre com as limitações que impõe a si mesmo. O filme escolhe retratar a jornada de Maurício de forma linear e açucarada. As dificuldades existem, mas nunca são grandes o suficiente para tirar o sorriso otimista do rosto do protagonista, que supera tudo com a ajuda da avó (a ótima Elizabeth Savalla).
Até mesmo os conflitos pessoais, como as dificuldades em seu primeiro casamento, são tratados com um humor leve, em vez da gravidade que um drama biográfico convencional exploraria.
As Atuações: O Carisma da Família
A escolha de Mauro Sousa para viver o pai se mostra um acerto. Embora sua caracterização como um jovem de 18 anos possa causar estranheza inicial, o ator se encaixa perfeitamente no papel à medida que o filme avança, trazendo uma semelhança física e um carisma que só um membro da família poderia oferecer. O destaque, no entanto, vai para o jovem Diego Laumar, que interpreta o Maurício na infância com uma energia contagiante.
Veredito
Com uma direção de arte que insere ilustrações nas cenas e uma câmera que por vezes parece parada como uma tira de quadrinhos, ‘Maurício de Sousa – O Filme’ entrega exatamente a homenagem que prometeu. Não é um filme de reviravoltas ou dramas profundos, mas uma celebração afetuosa dos 90 anos de um gênio que ensinou o Brasil a ler.
‘Maurício de Sousa – O Filme’ estreia nos cinemas em 23 de outubro.