Crítica | ‘Predador: Terras Selvagens’ Expande a Mitologia e é o Respiro Corajoso que a Franquia Precisava

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Existe algo magnético quando uma franquia decide abandonar o caminho óbvio. ‘Predador: Terras Selvagens’ (Predator: Badlands) surge exatamente como esse respiro vibrante: uma produção que deixa de lado a fórmula do caçador invencível para humanizar (na medida do possível) a mitologia Yautja, tornando-a mais profunda e imprevisível.

Sob a direção de Dan Trachtenberg (Predador: A Caçada), o filme é uma expansão corajosa do universo, misturando brutalidade alienígena com uma sensibilidade inesperada.

A Trama: O Caçador e a Ciborgue

A narrativa inverte a perspectiva tradicional ao acompanhar um jovem Yautja exilado de seu clã, desesperado para provar seu valor. O cenário é um planeta remoto e perigoso, apelidado pelos fãs de “Death Planet”, onde cada elemento do ecossistema parece desenhado para matar.

É neste ambiente hostil que a espinha dorsal do filme se forma: a aliança improvável entre o predador e Thia (Elle Fanning), uma ciborgue abandonada. A dinâmica funciona de forma orgânica e fascinante. Thia atua como o cérebro estratégico, uma biblioteca ambulante, enquanto o Yautja fornece os instintos brutos e a força. A tensão cultural entre os dois códigos de conduta cria o surpreendente centro emocional da obra.

Direção e Visual: Ação Sem Amarras

Trachtenberg prova mais uma vez que domina o DNA da franquia. Sua direção brilha nas sequências de combate, aproveitando um “truque” inteligente: ao lutar contra criaturas alienígenas e androides, o sangue derramado não é vermelho. Isso permitiu que o filme investisse em uma violência gráfica e visceral que rompe barreiras visuais sem esbarrar em classificações etárias restritivas.

O planeta alienígena é transformado em uma arena de videogame, com biomas diversificados e criaturas cheias de personalidade que testam os limites dos protagonistas.

Atuações e Trilha Sonora

Elle Fanning entrega uma performance brilhante, equilibrando a fragilidade programada de uma máquina com uma força conquistada ao longo da jornada.

A atmosfera é completada pela trilha sonora de Sarah Schachner e Benjamin Wallfisch. Fugindo da sonoridade militarista dos anos 80, a dupla aposta em texturas vocais e cantos quase litúrgicos, criando uma sensação de “ritual futurista” que define a identidade única deste capítulo.

Veredito

‘Predador: Terras Selvagens’ é uma celebração de novas ideias. É um filme que entende o valor da reinvenção para salvar uma mitologia da estagnação. Ao focar na jornada de um “monstro” em formação e sua aliada sintética, a obra diverte, surpreende e aponta caminhos empolgantes para o futuro da saga.

Nota: 4/5 ⭐⭐⭐⭐

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