Crítica | Guerreiras do K-Pop é o Fenômeno que a Netflix Precisava (e a Disney Esqueceu Como Fazer)

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É impossível analisar Guerreiras do K-Pop sem primeiro reconhecer a escala de seu sucesso. Em apenas dois meses, a animação da Sony Animation, distribuída pela Netflix, se tornou a produção em língua inglesa mais vista na história do streaming. Sua trilha sonora dominou a Billboard e o Spotify, enquanto as coreografias viraram febre nas redes sociais. Mas, para além dos números astronômicos, fica a questão: o filme é bom? A resposta é um sonoro sim. Guerreiras do K-Pop não é apenas ótimo — é um produto raro e um lembrete do que a animação pode e deve ser.

A Trama: Uma Fórmula Familiar com Execução Perfeita

A história segue o trio de K-Pop HUNTR/X (Rumi, Mira e Zoey), uma linhagem de guerreiras que usam sua música para proteger a humanidade de demônios. A missão delas é fortalecer um escudo místico, o Honmoon, para banir o mal para sempre. O conflito central reside na vocalista, Rumi, que esconde ser metade demônio e busca na missão uma forma de se livrar de sua “maldição”.

A narrativa segue uma estrutura clássica: a missão, a revelação do segredo, a amizade posta à prova. No entanto, a execução impecável dessa fórmula é o que a torna tão eficaz, servindo como uma base sólida para os verdadeiros pilares do filme brilharem.

A Receita do Sucesso: A Magia por Trás do Fenômeno

O que eleva Guerreiras do K-Pop de um bom filme a um fenômeno cultural são dois elementos executados com maestria:

1. A Revolução Visual Pós-Aranhaverso: Desde que Homem-Aranha no Aranhaverso quebrou paradigmas, a animação global ganhou liberdade para ousar. Guerreiras do K-Pop bebe lindamente dessa fonte, misturando o estilo consagrado de seu “irmão” de estúdio com traços de animações coreanas (aenimeisyeon). O resultado é um espetáculo de cores vibrantes, cenas de ação fluidas e um humor visual que funciona perfeitamente, tornando os 90 minutos de filme um deleite para os olhos.

2. Uma Trilha Sonora Feita Para Dominar o Mundo: Há muito tempo uma animação não entregava uma trilha sonora tão contagiante. Músicas como “Soda Pop” (“Meu Pequeno Guaraná”), “Golden” (“Brilho”) e “What it Sounds Like” (“O Som da Nossa Voz”) são instantaneamente cativantes. Aliadas à animação deslumbrante, elas criam momentos épicos, desde a abertura em um avião até a batalha final, transformando o filme em uma experiência musical arrebatadora.

O Fator “Frozen”: Conectando-se com o Zeitgeist

A comparação com Frozen – Uma Aventura Congelante é inevitável e precisa. Assim como a animação da Disney capturou o espírito de sua época ao focar no amor fraternal em vez do romance, Guerreiras do K-Pop acerta ao abraçar honestamente a cultura coreana (K-pop, K-drama) que domina o cenário global. O filme entende seu público-alvo, entrega personagens com os quais a audiência se conecta e celebra a cultura que o inspira sem cinismo.

É aqui que reside o contraste gritante com o atual momento da Disney e Pixar. Enquanto estúdios antes inovadores parecem presos a um ciclo de sequências movidas pela nostalgia (Divertida Mente 2, Moana 2) e projetos que falham em criar uma conexão genuína com o público (Wish, Mundo Estranho), a Sony Animation, com a Netflix, entregou o maior e mais relevante sucesso de 2025 até aqui.

Guerreiras do K-Pop é a prova de que o público anseia por histórias novas, vibrantes e que conversem com o mundo de hoje. Um filme que encanta, entretém e, mais importante, se sente genuinamente vivo. Se você ainda não viu, junte-se às centenas de milhões que já se renderam.

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