Crítica | Live-action de Como Treinar o Seu Dragão Entende que a Magia do Original Era o Bastante

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Em uma era saturada de remakes live-action que lutam para justificar sua existência, a nova versão de Como Treinar o Seu Dragão chega aos cinemas com uma proposta surpreendentemente simples e eficaz: confiança absoluta no material original. O resultado é uma adaptação que não apenas encanta visualmente, mas também acerta ao entender que não precisava de grandes mudanças para reacender a magia.

Dirigido por Dean DeBlois, o mesmo responsável pela amada animação de 2010, o filme reconta a jornada de Soluço (Mason Thames), o filho desajeitado do chefe viking Stoico (Gerard Butler), que desafia as tradições de sua tribo ao fazer amizade com o temido dragão Banguela.

A Fidelidade Como a Maior Virtude

A decisão mais inteligente de DeBlois foi evitar a armadilha de “reinventar a roda”. Sabendo que a animação original já era um sucesso de público e crítica, o diretor opta por uma fidelidade quase reverencial, recriando cenas icônicas e mantendo intacto o coração da história. Em vez de parecer uma cópia sem alma, essa abordagem funciona como uma celebração, traduzindo para um novo meio uma narrativa que já era emocionalmente perfeita.

Um Elenco que Honra (e Retorna) ao Legado

O charme do filme é imensamente potencializado por seu elenco. Mason Thames captura com sucesso a vulnerabilidade e a ingenuidade de Soluço, criando um vínculo crível com um Banguela gerado por computador. No entanto, a grande jogada foi trazer Gerard Butler de volta ao papel de Stoico. Em um movimento raro, Butler não apenas empresta sua voz icônica mais uma vez, mas também sua presença física robusta, conferindo uma autoridade e um peso emocional ao personagem que nenhum outro ator conseguiria.

A Estrela do Show: Dragões que Impressionam

Onde o filme realmente brilha é na sua execução técnica. Os dragões, especialmente Banguela, são uma maravilha visual. Eles mantêm as feições amigáveis e expressivas da animação, mas com uma textura e um realismo que os tornam tangíveis. As cenas de voo são de tirar o fôlego, transmitindo uma sensação de liberdade e perigo verossímil.

Esse sucesso do CGI é amplificado pelo uso extensivo de efeitos práticos. A Ilha de Berk foi construída em grande parte em locações reais, o que confere ao mundo uma textura e uma profundidade que o diferencia de produções excessivamente dependentes de telas verdes.

A Oportunidade Perdida de Ir Além

Se há uma falha, é justamente na sua maior virtude. A fidelidade extrema significa que o filme perde a oportunidade de expandir a rica mitologia de seu universo. O roteiro pincela superficialmente novas camadas para personagens como Astrid (Nico Parker) ou Melequento (Gabriel Howell), mas nunca se aprofunda, deixando um gostinho de que poderia ter oferecido mais aos fãs que já conhecem a história de cor.

Veredito

Como Treinar o Seu Dragão é um triunfo. É um remake que exala carinho e respeito pela obra original, entregando uma experiência visualmente deslumbrante e emocionalmente sincera. Ao jogar no seguro, o filme prova que, às vezes, a melhor forma de homenagear um clássico é simplesmente confiar na magia que ele já possuía. Com uma sequência já confirmada, fica a certeza de que há muito charme e emoção para voar ainda mais alto.

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