Crítica | Invocação do Mal 4 Oferece Despedida Digna, Mas Longe da Glória do Original

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Após o esquecível Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, a franquia principal dos Warren retorna para uma última dança. Invocação do Mal 4: O Último Ritual chega aos cinemas com a difícil missão de encerrar a saga de Ed e Lorraine Warren, e o faz com um desejo claro de honrar esse legado. O resultado é um filme com mais acertos que seu antecessor, mas que evidencia o quanto a magia original de James Wan faz falta.

O Desafio de um Último Ritual: Um Roteiro Desequilibrado

Novamente sob a direção de Michael Chaves, o filme busca focar mais do que nunca no casal protagonista. A trama explora o envelhecimento dos Warren, a saúde fragilizada de Ed e a preocupação com o futuro da filha, Judy (Mia Tomlinson). A intenção é nobre: centrar a despedida nos personagens que o público aprendeu a amar.

O problema é que esse foco excessivo no drama familiar desequilibra a balança com o caso paranormal da vez. A família assombrada, os Smurls, nunca ganha uma identidade própria, servindo apenas como um pretexto para a ação. Com isso, o filme perde o entrelaçamento magistral que Wan criava entre a vida dos Warren e a das vítimas, resultando em um ritmo irregular e uma tensão que demora a engrenar.

A Evolução de Michael Chaves na Direção

Se o roteiro tropeça, a direção de Chaves mostra uma evolução bem-vinda. Ainda que não se aproxime da maestria de James Wan na construção de sequências de terror, o diretor evita aqui seus piores instintos. Há menos dependência de CGI e sustos baratos, e mais criatividade visual na hora de encenar o medo. Uma cena específica envolvendo Judy em um corredor de espelhos é, provavelmente, a melhor que Chaves já dirigiu em toda a franquia.

O clímax, embora não alcance o impacto do exorcismo do primeiro filme ou o terror de Valak no segundo, consegue criar uma atmosfera de desespero palpável nos 30 minutos finais, entregando um desafio digno de um último capítulo.

O Coração da Franquia: Patrick Wilson e Vera Farmiga

Acima de qualquer falha, Invocação do Mal 4 tem um trunfo imbatível: Patrick Wilson e Vera Farmiga. A química, o carisma e o calor humano que eles trazem para Ed e Lorraine são a verdadeira força vital da franquia. Suas atuações carregam mais energia emocional do que qualquer drama fabricado pelo texto, e é impossível não se conectar com eles. Se a conclusão da saga tem algum peso, ele vem primariamente da oportunidade de nos despedirmos dessas duas figuras, eternizadas por este elenco.

Veredito

Invocação do Mal 4: O Último Ritual não é a obra-prima que o primeiro filme foi, nem o espetáculo de horror que foi o segundo. É um final mais contido e focado nos personagens, que por vezes se perde em seu próprio drama. No entanto, como uma última bênção e um adeus final aos Ed e Lorraine Warren de Wilson e Farmiga, o filme entrega um encerramento emocionante e digno. Para os fãs do casal, a despedida vale a pena.

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