Crítica | Sydney Sweeney Brilha e Domina o Irregular Drama de Boxe ‘Christy’

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O Festival de Toronto de 2025 se consolidou como o palco para astros de ação se transformarem em atores dramáticos. Se Dwayne “The Rock” Johnson impressionou em Coração de Lutador, Sydney Sweeney não fica para trás e entrega a performance mais poderosa e dedicada de sua carreira em ‘Christy’, um drama biográfico sobre a pioneira do boxe Christy Martin.

Dirigido por David Michôd (The Rover – A Caçada), o filme é um veículo inegável para o talento de Sweeney, que agarra a oportunidade com unhas e dentes. No entanto, a produção ao seu redor nem sempre está à altura de sua protagonista.

A Trama: Décadas de Glória e Dor em Alta Velocidade

O principal desafio do filme é sua ambição de cobrir décadas da vida de Christy Martin em pouco mais de duas horas. A narrativa é dividida em duas partes claras: a primeira, mais enérgica, acompanha a ascensão meteórica da jovem lutadora (Sweeney) no mundo do boxe nos anos 90 e o início de seu relacionamento com o treinador e futuro marido, Jim Martin (Ben Foster).

A segunda metade mergulha no aspecto mais sombrio de sua vida: o casamento abusivo, onde Jim a controlava através de violência, drogas e manipulação financeira. O problema é que, ao tentar abranger tanto tempo, o roteiro de Michôd trata os eventos de forma superficial. As lutas perdem o impacto e o drama do abuso, embora chocante, não atinge a profundidade necessária, recorrendo a cenas pontuais para manipular a emoção do espectador.

A Atuação Transformadora de Sydney Sweeney

Apesar das falhas do roteiro, ‘Christy’ vale a pena por sua atriz principal. Sydney Sweeney entrega uma performance transformadora, tanto física quanto emocionalmente. Com o corpo modificado e uma maquiagem que a envelhece ao longo das décadas, ela incorpora com convicção a jornada de Christy, desde a jovem reprimida que encontra liberdade nos ringues até a mulher adulta que luta para sobreviver a um relacionamento tóxico.

É notável como Sweeney captura a mudança de postura e confiança da lutadora, brilhando especialmente na primeira metade do filme, onde o arco de crescimento é mais natural. Ela é bem amparada pelo sempre excelente Ben Foster, que constrói um vilão complexo e aterrorizante.

Veredito

‘Christy’ não se junta ao panteão dos grandes filmes de boxe, como Rocky ou Touro Indomável. É uma biografia um tanto genérica que sofre por tentar contar uma história longa demais em pouco tempo. No entanto, funciona como um poderoso showcase para Sydney Sweeney, que prova de uma vez por todas seu imenso talento dramático. Sua performance corajosa e dominante eleva o material e a coloca, com méritos, na conversa para a próxima temporada de premiações. A história de Christy Martin merecia um filme melhor, mas recebeu uma intérprete perfeita.

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