“Às vezes, olhar para o passado é mais confortável do que pensar no futuro”. A frase, dita em um dos momentos finais de ‘Downton Abbey: O Grande Final’, captura perfeitamente a essência de uma franquia que se tornou um refúgio para milhões de espectadores. Por 15 anos, o criador Julian Fellowes nos convidou para a residência dos Crawley e, neste terceiro e último filme, ele oferece o adeus perfeito que essa jornada merecia.
Após seis temporadas e dois filmes, revisitar os corredores de Downton ao som da icônica trilha de John Lunn nunca soa como uma repetição, mas sim como um reencontro com velhos amigos. E esta aventura derradeira encerra a saga com a graça e a elegância que a tornaram um fenômeno.
A Trama: Um Aceno à Nova Era
O filme coloca a família Crawley diante de seus maiores desafios sociais e financeiros. Lady Mary (Michelle Dockery) enfrenta o julgamento da alta sociedade londrina ao se divorciar de Henry Talbot, uma decisão escandalosa para a época. Ao mesmo tempo, uma crise financeira força a família a reavaliar seu legado e a se adaptar a um mundo em rápida transformação, sob o risco de perder tudo.
A Culminação de uma Jornada Feminista
Julian Fellowes usa esse cenário de crise para entregar a história mais feminista de Downton Abbey. Se as mulheres da série sempre estiveram à frente de seu tempo, aqui elas se tornam os pilares definitivos da família e da comunidade. Os arcos de Mary, Edith (Laura Carmichael) e Daisy (Sophie McShera) são a culminação de uma longa jornada de empoderamento, mostrando-as como as verdadeiras forças que guiarão Downton para o futuro.
A Passagem de Bastão
O coração do filme reside na aguardada passagem de bastão de Robert (Hugh Bonneville) para sua filha mais velha. Desde a trágica morte de Matthew, Mary foi sendo preparada para assumir a liderança da propriedade. O Grande Final concretiza essa transição de forma sutil e emocionante, com Robert aceitando, enfim, que uma nova era começou e que o futuro de Downton está em mãos competentes.
Veredito
‘Downton Abbey: O Grande Final’ é uma celebração de tudo o que os fãs amaram ao longo dos anos. O roteiro de Fellowes amarra as pontas soltas, faz acenos carinhosos ao passado e presta homenagens a personagens queridos que se foram, como a inesquecível Condessa Violet de Maggie Smith. Com uma direção e fotografia afiadas, o longa se despede como o “novelão de época” clássico que sempre foi: sem dramas exagerados, sem enrolação e com um final feliz digno de um conto de fadas. Um encerramento sólido e emocionante para uma das famílias mais amadas da televisão.