‘Casa de Dinamite’: Roteirista Explica o Final Ambíguo e Sem Respostas do Novo Thriller da Netflix

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[Atenção: O texto abaixo contém spoilers completos de “Casa de Dinamite”]

Enquanto as telas escurecem e os créditos sobem, o silêncio e as dúvidas prevalecem ao final de “Casa de Dinamite”. Este é um desconforto proposital que a diretora Kathryn Bigelow e o roteirista Noah Oppenheim planejaram para o público de seu novo thriller, já disponível na Netflix.

O filme acompanha o Major Daniel Gonzalez (Anthony Ramos), um especialista em desarmamento de bombas que se vê no centro de uma conspiração política. A “casa de dinamite” do título não é apenas um local, mas uma metáfora para a própria situação do país: um barril de pólvora prestes a explodir.

Em entrevista exclusiva ao Splash, o roteirista Noah Oppenheim desvendou a espinha dorsal do filme: um convite para o espectador participar do dilema moral do protagonista.

Recapitulando: O que Acontece no Final?

No clímax do filme, o Major Gonzalez (Ramos) localiza o dispositivo central que, se detonado, não apenas destruiria um quarteirão de Washington D.C., mas também exporia uma célula terrorista infiltrada no alto escalão do governo. No entanto, ele descobre que o local está sendo monitorado e que, se ele desarmar a bomba, a célula escapará e agirá novamente.

Sua única alternativa é permitir que a bomba exploda — um “sacrifício controlado” que mataria centenas de civis, mas que exporia a conspiração e, na visão distorcida de seus superiores, “salvaria o país” a longo prazo.

A cena final mostra Gonzalez sozinho no porão com a bomba. O cronômetro zera. Ele fecha os olhos. A tela corta para o preto. O público nunca sabe se ele desarmou a bomba ou se a “Casa de Dinamite” realmente explodiu.

A Explicação do Roteirista: Um Filme Sobre o Dilema, Não a Resposta

Para Noah Oppenheim (Jackie, Maze Runner), a ambiguidade é a tese central do filme. A intenção nunca foi dar uma resposta fácil, mas sim forçar o público a confrontar a escolha impossível do protagonista.

“O filme é um convite para o espectador participar do dilema”, explicou Oppenheim ao Splash. “A pergunta que queremos fazer não é ‘o que aconteceu?’, mas sim ‘o que você faria nessa situação?’. Não há escolha certa. É um thriller sobre o peso da decisão, não sobre o resultado dela.”

Segundo o roteirista, essa abordagem é a marca registrada de Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror, A Hora Mais Escura), uma diretora mais interessada no processo e na psicologia de seus personagens do que em finais convencionais.

Afinal, a Bomba Explodiu?

Oppenheim argumenta que o filme não é sobre a explosão, mas sobre a pressão que antecede o inevitável. “Vivemos em uma era de polarização extrema, onde todos os lados acreditam ter a resposta moral, não importa o custo. A ‘Casa de Dinamite’ é uma metáfora para isso”, diz ele.

O final de Casa de Dinamite não oferece uma solução porque, no mundo real retratado por Bigelow e Oppenheim, o problema não desaparece quando os créditos sobem. O desconforto do público ao sair do cinema é o mesmo desconforto do Major Gonzalez, preso em uma situação sem vencedores.

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