Crítica | Colin Farrell Brilha no Ansioso e Viciante ‘Balada de Um Jogador’

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Em uma impressionante sequência de trabalho, o diretor vencedor do Oscar Edward Berger (Nada de Novo no Front, Conclave) lança seu terceiro filme em três anos: ‘Balada de Um Jogador’. O resultado é um thriller visualmente vibrante e energizado por uma atuação magnética de Colin Farrell, mas que, tal qual seu protagonista, sofre de uma ansiedade que o torna, ao mesmo tempo, viciante e exaustivo.

A Trama: Três Dias de Desespero em Macau

Baseado no livro de Lawrence Osborne, o filme da Netflix acompanha Lorde Doyle (Colin Farrell), um apostador compulsivo que tem apenas três dias para pagar uma dívida de milhares de dólares em Macau, a “Las Vegas da China”. Para piorar, ele se torna alvo de uma investigadora (Tilda Swinton) que o persegue por uma fraude do passado, encurralando-o em uma espiral de pânico e decisões desesperadas.

Os Acertos: A Direção Vibrante e um Colin Farrell Magnético

Berger mais uma vez demonstra seu esmero visual, trocando a paleta sombria de seus filmes anteriores por um banho de neon, luzes e caos. A câmera nervosa acompanha Doyle pelos luxuosos salões dos cassinos, capturando a energia febril de Macau. O diretor cria sequências de tensão primorosas, especialmente em uma longa e sufocante partida de Bacará onde o destino do protagonista é selado.

No centro de tudo, Colin Farrell está espetacular. Suado, trêmulo e com os olhos esbugalhados, ele transmite perfeitamente a angústia de um homem à beira do colapso. Uma cena em que ele devora uma lagosta, movido pelo pânico, é uma metáfora nojenta e perfeita para seu estado de espírito. É uma performance física e visceral que ancora o filme.

Os Tropeços: Um Roteiro Ansioso e Confuso

O problema é que o roteiro não consegue acompanhar o ritmo de seu ator e diretor. O filme nunca decide se quer ser um drama sobre vício, um suspense psicológico ou um filme de golpe. Essa indecisão torna a trama repetitiva e confusa, com personagens secundários, como a interpretada por Fala Chen, aparecendo e desaparecendo de forma abrupta e sem desenvolvimento.

Veredito

‘Balada de Um Jogador’ é uma experiência cinematográfica tão caótica quanto seu personagem principal. É um filme que frustra por suas decisões corridas, mas que cativa pela energia de sua direção, pela trilha sonora pulsante de Volker Bertelmann e, acima de tudo, por uma atuação central hipnótica de Colin Farrell.

Como uma mão no jogo de Bacará, o filme não quebra a banca e nem será lembrado como uma das grandes obras do diretor. No entanto, ele ganha por poucos pontos, garantindo um saldo positivo que o torna uma aposta válida para quem busca um suspense estiloso e visceral.

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