‘O Telefone Preto 2’ chega aos cinemas com o desafio de continuar uma história que parecia perfeitamente encerrada. A boa notícia é que o diretor Scott Derrickson não tenta recriar o primeiro filme; em vez disso, ele expande a mitologia e muda o foco, transformando o que era um suspense de sequestro em um thriller sobrenatural sobre trauma. O resultado é uma sequência criativa e bem-intencionada, mas que, no processo, perde o senso de perigo que tornava o original tão visceral.
A Trama: A Vez de Gwen
O grande acerto do filme é dar o protagonismo a Gwen (Madeleine McGraw), a irmã de Finney, que roubou a cena no primeiro longa. A trama agora foca em suas habilidades psíquicas, enquanto seu irmão, Finney (Mason Thames), se torna uma figura secundária, um personagem que representa o trauma deixado pelo Sequestrador. A dinâmica inverte os papéis e dá um novo respiro à franquia.

A Inspiração: ‘A Hora do Pesadelo’
A mudança de foco também altera o gênero. A luta pela sobrevivência não acontece mais em um porão físico, mas em um plano astral, onde Gwen usa seus sonhos para combater o fantasma do Sequestrador (Ethan Hawke). A comparação com ‘A Hora do Pesadelo’ é inevitável e intencional, com o filme prestando várias homenagens ao clássico de Wes Craven, desde o embate no “mundo dos sonhos” até as consequências no mundo real.
Os Tropeços: Onde Está o Perigo?
O principal problema é que, ao transformar o vilão em uma ameaça sobrenatural, o filme perde a tensão palpável do original. O Sequestrador de Ethan Hawke, embora ainda carismático, soa muito menos perigoso como um fantasma do que como o sádico imprevisível do primeiro filme.
Essa falta de perigo se reflete no clímax, que, apesar de visualmente interessante, parece uma batalha “muito fácil”, com as peças se encaixando sem grandes surpresas ou um verdadeiro senso de urgência.
Veredito
‘O Telefone Preto 2’ é uma sequência digna, que tenta fazer algo novo em vez de apenas se repetir. Acerta ao dar o holofote a Gwen e ao construir uma atmosfera de terror sobrenatural com referências clássicas. No entanto, ao abandonar o suspense realista e claustrofóbico, ele se torna um filme que entretém, mas que raramente aterroriza. É uma boa história, mas com um terror bem mais suave.