Em um cenário pós-Vingadores: Ultimato, onde a qualidade das produções da Marvel é frequentemente debatida, uma nova narrativa sobre anti-heróis foi lançada e parece ter encontrado um tom que ressoa com um público cansado do gênero. Thunderbolts* se afasta das fórmulas de nostalgia e fan service para entregar uma história mais densa, focada em dramas modernos como depressão, solidão e a busca por um propósito.
O filme, que estreou em maio de 2025, é visto como uma tentativa de subversão dentro do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), explorando a psicologia de seus personagens de forma mais profunda e humana. A direção é de Jake Schreier, com roteiro assinado por Eric Pearson e Joanna Calo.
Uma Trama Focada nos Traumas dos Personagens
A narrativa de Thunderbolts* é construída em torno de um grupo de párias já conhecidos pelo público, cujos passados são explorados para dar peso à jornada. A equipe é formada por Yelena Belova (Florence Pugh), que lida com uma depressão severa; John Walker/Agente Americano (Wyatt Russell), que enfrenta as consequências de suas más escolhas; Ava Starr/Fantasma (Hannah John-Kamen), isolada por sua condição intangível; e Alexei Shostakov/Guardião Vermelho (David Harbour), um herói em busca de sua antiga glória. Bucky Barnes (Sebastian Stan) se junta a eles como uma figura de estabilidade, mas seus próprios traumas permitem que ele se conecte com os desajustados.
O tom melancólico é estabelecido desde a cena de abertura, onde uma Yelena apática é mostrada em uma missão, simbolizando a falta de direção que permeia sua vida. A abordagem visual do filme, com uma fotografia de tons escuros, e os monólogos internos dos personagens reforçam a atmosfera sombria, ainda que a sutileza não seja o ponto forte da produção.
O Conflito e a Grande Reviravolta (Com Spoilers)
O grupo é reunido sob falsos pretextos por Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), que planeja eliminá-los como “queima de arquivo”. O primeiro confronto entre eles é marcado por uma frieza calculada, culminando na morte de Antonia Dreykov/Treinadora, um evento tratado com uma secura que sublinha o status descartável da equipe.
O verdadeiro antagonista é revelado na figura de Bob/Sentinela (Lewis Pullman), um experimento instável com poderes que manifestam os traumas psicológicos dos personagens em formas físicas e literais. A luta contra o Sentinela força a equipe a confrontar seus demônios internos. A solução encontrada não está na força bruta, mas na conexão e na empatia, simbolizada por um abraço coletivo que salva não apenas o grupo, mas também o próprio Bob de sua insanidade.

A grande surpresa, que justifica o asterisco no título, é a reviravolta final: por meio de uma manobra midiática, os Thunderbolts* são apresentados ao mundo não como vilões reabilitados, mas como os “Novos Vingadores”.
Um Filme Menos Espetacular, Mais Humano
A direção de Jake Schreier opta por cenas de ação mais contidas e realistas, focando mais nos conflitos internos do que em grandes espetáculos visuais. A produção é vista como um filme “menor” em escala, mas com uma profundidade emocional que o diferencia de outras produções do UCM.
Apesar de algumas limitações, como o desenvolvimento superficial de certos personagens e elementos políticos, Thunderbolts* é elogiado por sua coragem em tratar de temas complexos de forma honesta. Ao final, a obra se consolida como uma história sobre pessoas falhas que encontram força no coletivo, oferecendo uma mensagem de esperança que se destaca em meio ao cinismo frequentemente associado a equipes de anti-heróis. As cenas pós-créditos indicam a importância que esta nova equipe terá no futuro do UCM, preparando o terreno para conflitos iminentes em Vingadores: Doomsday.